quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Penumbra

Sinto uma transfusão
Sinto uma má sorte
Um cortejo
Ao fundo à morte
Um vidraça
Com sangue a derramar
Uma marcha de Chopin
E ao meu lado
Lágrimas
Páginas de um livro pouco escrito
Meu coração já não funciona
O tango não me emociona
Já não tenho sentimentos
Não preciso de solfejo
Nem Ingmar Bergman
Apenas escuro vejo
Não leio mais Nietzsche
Não existirá mais o eterno retorno
Apenas um corpo morno
Não me apaixono mais em alguns dias
Não me preocupo com Sonatinas
Nem ser o Don Juan de algums meninas
Não tenho mais sexo
Não divago mais sobre Clarice
Ah se eu existesse
Como uma paixão segundo G.H
E os com as tríades, tétrades?
Continuarão
Eu não

Não sonharei
Pois estou morto em vida

3 comentários:

Cecília Gomes disse...

Esse ficou lindo lindo.
Uma triste beleza, um poema que
transforma a dor em algo belo.
Sempre é assim, não?
Riscamos e gravamos o que sentimos
em algumas palavras de profundo conteúdo e profunda veracidade.
Sem Nietzsche, sem retorno, sem amor, só dor.
Vale sentirmos o que dói e enxergá-lo como uma breve passagem.

renato sereno disse...

Que foda, Renê...
Entendi perfeitamente...!
E visualizei.
E eu não sei dizer se é mesmo uma pena ou não que a poesia consiga transformar tão triste realidade em tão belas palavras... como a mocinha aí embaixo disse.

Marcela de Aquino disse...

Nossa Renê,muito lindo o seu poema...apesar de ser de uma extrema e sutil tristeza me enfeitiçou pela profundidade,por transfigurar as palavras em sentimentos que perpassam a alma e me inspira a escultar tb as minhas dores !!
Beijos poeta!